terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Ao amor antigo

O amor antigo vive de si mesmo,
no de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera,
ms do destino vão nega sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona,
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade

Ps.: Dedicado a quem me mostrou esse poema num lindo dia, num lindo lugar.