quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Prendia o choro e aguava o bom do amor

A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou...

sábado, 22 de agosto de 2009

Os quereres


Queria muitas coisas distantes da minha realidade.
Queria entender o mundo de maneira otimista. Queria mais
justiça e igualdade. Queria a verdade perante todas as coisas
da vida. Queria ser mais compreendida pelas pessoas. Queria
que não existisse o sofrimento. Queria que todas as pessoas
respondessem as minhas saudações: "bom dia; boa tarde; boa
noite; obrigada". Queria mais educação. Queria ter filosofia
e sociologia desde os meus primeiros anos escolares. Queria
que todos fossem bons. Queria que não existissem guerras,
desigualdades sociais. Queria dizer tudo o que sinto para as
pessoas que gosto. Queria aprender e dominar a psicanálise.
Queria ser intelectual. Queria saber o que farei
posteriormente. Queria saber o que quero graduar na
faculdade. Queria uma política limpa. Queria que não
houvesse corrupção. Queria que as pessoas amassem umas
as outras intensamente com respeito, dedicação. Queria paz e
um céu mais limpo. Queria que não houvesse poluição
ambiental. Queria que os animais não fossem expulsos de
seus refúgios pelas queimadas. Queria uma valorização
maior das mulheres. Queria o Brasil sem problemas. Queria
não perder as pessoas da mesma forma que a água escorre
pelas nossas mãos. Queria dias melhores; a vida de todos
muito melhor. Queria que não existissem brigas. Queria ver
o sorriso, a felicidade estampada em cada rosto por terem o
necessário. Queria dominar a língua portuguesa; saber o
significado de todas as palavras em português. Queria saber
latim, francês, alemão, inglês, espanhol, português e italiano.
Saber tudo sobre Freud, Galileu. Ter lido todas as obras de
Clarisse Lispector, Machado de Assis, Lacan, Guimarães
Rosa, Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Eça de Queirós,
Euclides Cunha, Gil Vicente, Gregório de Matos, José de
Alencar, Gonçalves Dias, Lima Barreto, Manuel Bandeira,
Voltaire, William Shakespeare, Jorge Amado. Queria
entender sobre a música clássica, jazz, blues, folk, mpb,
bossa nova, fado. Queria fazer Yoga, Ballet e aulas de piano;
tocar flauta e violão. Queria que os filhos não matassem seus
pais e vice-versa. Queria ver a sinceridade de algumas
pessoas que dizem "eu te amo" as outras. Queria saber pintar
telas, fazer belos desenhos. Queria entender os humanos;
compreender muito sobre a literatura. Queria um
companheiro. Queria ter trinta bonsai. Queria saber
interpretar textos. Queria saber escrever textos. Queria
definir muitas coisas que ainda não consegui. Queria que a
mídia disponibilizasse coisas mais interessantes. Queria ser
das décadas de setenta e oitenta; ser da época boa onde
descobriam novos cientistas. Queria que as pessoas
comprassem jornais com o intuito de adquirir informações
realmente prazerosas e não para ver cadáveres nas ruas do
Rio de Janeiro. Isso. Eu queria o Rio de Janeiro na época de
Tom Jobim e Vinícius de Moraes no beco das garrafas; o
Cazuza cantando com a sua banda no Arpoador. Queria que
não existisse música onde só é possível escutar
onomatopéias "animalísticas". Queria que as pessoas
tivessem mais consciência; que todos pudessem estudar, ter
uma profissão e a exercer com orgulho. Queria mais teatros,
cinemas e bibliotecas na cidade onde moro. Queria que
aquelas moças cantassem ópera, como antigamente, na
varanda para que todas as pessoas da rua pudessem admirar
um belo som. Queria ser bonita. Queria ajudar as pessoas
que precisam. Queria ensinar crianças a ler. Queria que as
pessoas não fossem tão hipócritas, prepotentes. Queria mais
amor, carinho e respeito. Queria ser poeta. Queria conhecer
os poetas Gentileza, Carlos Drummond de Andrade, Cazuza,
Cartola, Vinícius de Moraes, Olavo Bilac. Queria ter lido
mais textos de Caetano Veloso. Queria o futebol carioca
mais limpo; o Vasco da Gama campeão. Queria que toda
criança lesse as histórias infantis de Ziraldo. Queria um
tempo maior com as pessoas que amo. Queria fazer todas as
coisas que gosto. Queria o Amazonas completo. Queria que
as pessoas não fossem tão imbecis, mentirosas, falsas, mal
educadas. Que elas tivessem a capacidade de amar e ensinar
aos outros o que aprenderam. Queria gostar mais da matéria
de Eletrônica. Queria ter artes à vida inteira. Queria que o
mundo tivesse o que é mais sensato e está em falta na
humanidade: a humildade.
Ah! Como eu queria!

Yasmin Thayná de Miranda Neves
18.08.09

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

é (...)

És parte ainda do que me faz forte, pre ser honesto só um pouquinho infeliz.
[Legião Urbana]

terça-feira, 4 de agosto de 2009

realmente...


" (...) Talvez não amemos ninguém. Talvez amemos a idealização que fazemos de
alguém. Talvez amemos uma abstração de amor que nunca se concretiza por
completo. E é por isso que esse amor é só nosso – porque é só nossa a capacidade
de idealizar o amor perfeito: alguém que nos beije quando mais necessitamos de
beijo; alguém que nos abrace quando nos é mais essencial o abraço; alguém que
nos dê seu corpo quando se nos é mais necessário um corpo. "
por Fernando Vieira

um colo quente

Ás vezes, sinto um ódio profundo de você. Daria na sua cara, se estivesse por perto. Colocaria pingos nesses is infinitos, te mostraria o quão otário você é. É quase impossível acreditar em como a nossa vida mudou, como estamos diferentes, mais pé no chão. Penso nos nossos planos traçados, rio deles. Acho graça da minha inocência. Tadinha, achando que a vida é mole. Me pego dando graças a Deus por tudo ter chegado ao fim. Mas não posso negar que ainda me sinto sem chão. Nem sempre. Mas quando o mundo parece me castigar por qualquer coisa (tristeza, raiva ou insegurança), eu sinto a imensa necessidade de pedir colo. Não que você me ajudasse muito nessas minhas questões, você não ajudava. Eu só ficava mais inquieta por achar que tinha que dar jeito na minha e na sua vida. Se já não bastasse meus estudos, falta de tempo e problemas adolescentes, eu queria planejar o seu rumo, seu destino. Quis escrever ele rente ao meu, como todas as vírgulas. De quê adiantou? Você tomou seus rumos e eu tô aqui, percebendo que o mundo não é tão bom quanto eu achava. E tô aqui precisando de colo. Não é vergonha admitir, eu pediria seu colo. Em outros tempos, arrumaria uma desculpa, sairia como louca, só com o dinheiro da passagem e te encontraria em uma lanchonete qualquer, só pra pedir um colo. Ou só uma palavra. Até uma discussão. Mas eu me contento em olhar o seu perfil. Ver aquela pessoa livre. Liberdade que eu tanto tentei deixar junto a mim, no meu campo visual. Não sinto saudade. Pode acreditar. Não quero você aqui, e muito menos comigo. Apenas queria sentir de novo que o mundo, pelo menos entre nós, era bom.

sábado, 1 de agosto de 2009

A velha infância

Hoje, recebi a visita de dois amigos que estudaram comigo na oitava série. 2004, pra ser exato. 2004... Parece tão longe, tão outro século. Parece impossível ter passado tanto tempo. As risadas por nada, as fotos naquelas máquinas de filme kodak, o choro porque o fulaninho quer ficar com a fulaninha e não comigo, os pirulitos de coração de todo dia de manhã. Como passa. Nos pegamos falando de como ela começou a namorar o ex-namorado da outra menina da sala, de como nós éramos pequenos e feios, de como a gente era uma família. Sinto falta dos cadernos de perguntas, quando eu ficava ansiosa pra saber qual menina o menino que eu gostava achava mais bonita, das olímpiadas, quando eu participava de todos os esportes e, mesmo perdendo, a maioria ficava toda bobinha, tirando onda de atleta. O tempo passou feito um louco e a gente ficou. É. Ficou. Vendo as fotografias vemos rostos quase irreconhecíveis, roupas que hoje nunca usaríamos e conversas que nunca mais teremos. Cada um foi pro seu canto, viver sua vida, seguir seus caminhos. Mas aqueles abraços na escada de manhã, junto com um 'bom dia' sonolento e seguidos das fofocas do dia anterior foram tatuados e nunca mais sairão do coração.