quarta-feira, 29 de abril de 2009

Metáforas da vida


O coração é como uma mesa e os livros como amores. Assim que nascemos, não há nada em cima da mesa. Crescemos e um dia botamos o primeiro livro nela. Achamos que será o único, mesmo, ás vezes, ele sendo muito pequeno. Até que botamos outro em cima dele e, olhando de cima, não vemos o anterior, somente esse. Esquecemos de todos os livros existentes nesse mundo. Para nós só há aquele ali. A vida passa e zilhões de livros são empilhados na mesa. Pequenos, grandes, grossos, finos... Mas nós só vemos o de cima. Ás vezes, quando este é bem menor que o seu antecessor, aplicamos aquele zoom para que só enxerguemos ele. E nós, distraídos, nunca pensamos no futuro. Será que um haverá um livro maior que todos esses? Essa pergunta jamais será feita. O primeiro sempre é o melhor e, tem um ali que, com certeza, é o maior. A vida é um ironia, meus caros. Eis que no dia menos apropriado possível, aparece um almanaque gigantesco, daqueles com 857 páginas. Sem pestanejar, colocamos em cima de todos os outros. Aquele almanaque, imenso, tudo o que sempre desejávamos. Encontramos nele todas as matérias que procurávamos, ele tem até figuras! E o melhor: não vemos os outros livros, nem os pequenos, nem os grandes, eles não existem mais. Agora, todos antes do almanaque, não serviram pra nada. Só que por (sempre) ironia da vida, ele não é o último. Somos obrigados a procurar outros livros, mas eles são sempre tão pequenos em relação ao almanaque. Podemos dar zoom nos livrinhos por um tempo, mas se olharmos de cima, veremos que ele sempre será maior que todos os outros. Mas porque preciso de outro, se nele havia tudo que precisava? Pergunta sempre sem resposta. E não adianta pensarmos em botar vários livrinhos, um ao lado do outro, a fim de cobrir o almanaque. É trabalhoso demais lermos todos ao mesmo tempo. O jeito é aceitarmos que, por mais livros que cheguem, eles nunca serão maiores que o almanaque. Mas atenção: Se este for maior que a mesa, ela pode se quebrar.



Confabulações de Laís, Vitor e Etty no bosque da PUC

2 comentários:

Anônimo disse...

huahuahauha.. adorei o "confabulações" da gente !!!!

Yasmin Thayná disse...

gostei da comparação.